“A batalha dos séculos”Sermão
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“A batalha dos séculos”
Texto: Apocalipse 12 - “A batalha dos séculos”
Pastor: Jailson Santos
INTRODUÇÃO
Segundo o professor Carson, nos últimos 150 anos tem havido mais mártires que nos 1800 anos precedentes. Estima-se que 160.000 cristãos são mortos por ano. Nos últimos anos, mais de 2 milhões de cristãos foram mortos só no sul do Sudão.[1] Por que tanto ataque contra o reino de Deus? Onde se encontra Deus? Por que ele não intervém? Será que vale a pena continuar servindo a Jesus?
Essas mesmas perguntas foram feitas no primeiro século. O livro foi escrito por João, provavelmente durante o reinado de Domiciano (c. 95-96 d.C.), conhecido como o 2º Nero. Seu reinado foi marcado pela crueldade e, por essa razão, os leitores originais de João estavam suportando o martírio na época do apóstolo. Houve grandes perseguições nos primeiros séculos contra a igreja. Essa peseguição vinha de todos os lados e, de forma mais cruel, acontecia nos ambitos politico e social.
Frank Thielman, citando Price, apresenta o decreto do século I, oriundo da assembleia provicial da Ásia, no qual há uma descrição de como aconteciam estas cerimônias:
Todos deviam fazer uma manifestação pública de sua fé, em todos os santuários, com intenções adequadas, em relação à casa imperial, os corais da Ásia reuniram-se em Pérgamo para o mais santo aniversário do deus Tibério César, e realizaram um culto que contribuiu grandemente para a glória do Augustus, louvando a glória imperial e fazendo sacrifícios ao deus Augustus, com celebrações e festas.[2]
Segundo Merril C. Tenney, “os cristãos que se recusavam a prestar esta adoração se expunham às acusações de antipatriotíssimo, quando não de subversão”.[3] Um exemplo desta perseguição pode ser visto na própria vida do autor, o qual, ao que parece, foi exilado por causa de sua fé. Por essa razão, para entender a mensagem do apocalipse deve-se olhar para os dilemas e esperanças da época.
Nesse sentido, a mensagem principal do livro é que os cristãos sofrem cruéis perseguições, e muitos são mortos. Mas os que continuam fiéis a Deus e ao Messias que Deus escolheu, receberão como prêmio a vida eterna (2.10) e, vitoriosos, reinarão para sempre com Deus no “novo céu e na nova terra” (22.1).[4]
Segundo Hendriksen, no geral, o propósito do livro do Apocalipse é confortar a igreja militante nas lutas contra as forças malignas que se manistam fisicamente por meio de homens ímpios.[5] O Apocalipse foi destinado a encorajar os crentes no meio da perseguição romana, revelando que o seu Messias estava no controle e seria o vencedor final.[6]
João visava, portanto, que os cristãos entendessem que lhes foi dada a segurança de que Deus ver suas lágrimas (7.17; 21.4); suas orações são influentes nos negócios do mundo (8.3, 4) e suas mortes eram preciosas aos olhos do Senhor. A vitória final lhes é assegurada (15.2); seu sangue será vingado (19.2); seu Cristo vive e reina para sempre e sempre. Ele governa o mundo e os interesses da sua Igreja (5.7, 8). Ele está voltando novamente para tomar seu povo para si mesmo na “festa das bodas do Cordeiro” e para viver para sempre com ele em “um novo céu e uma nova terra” (21.1).[7]
O GÊNERO LITERÁRIO
Segundo Bornkamm, a literatura apocalíptica “é uma forma tardia de profecia do Antigo Testamento que ainda leva as marcas de sua origem, com suas extensas citações, imagens e sentenças tiradas dos profetas do Antigo Testamento”.[8] Entretanto, o escrito apocalíptico “difere da profecia em virtude do dualismo cósmico em que se incuba sua expectativa do fim”.[9] J. J. Collins lança ainda mais luz ao assunto, ao afirmar que este tipo de escrita é,
Um gênero de literatura de revelação com uma estrutura narrativa, na qual uma revelação é mediada por um instrumento humano, que revela uma realidade transcendente, a qual é, ao mesmo tempo, temporal, enquanto visa salvação escatológica, e espacial, ao envolver um outro mundo, um mundo sobrenatural.[10]
Normalmente este tipo de literatura aponta para uma esperança escatológica diante do sofrimento presente. Por essa razão, apocalipse 12 é uma mensagem de esperança diante das situações opressivas que os cristãos viviam.[11] Para isso, o autor usou disposições de símbolos e metáforas vívidas para analisar situações humanas com base na perspectiva do céu.
APOCALIPSE 12
O capítulo 12 é uma síntese de uma guerra épica que vem atravessando os séculos e explica por que as coisas são como são. O método de narração começando neste ponto, difere de qualquer coisa anterior, porque se concentra nas manobras secretas que estão por trás do conflito visível que foram e ainda serão retratadas no livro. A mensagem, como observou o Rev. Leandro Lima, é que por trás da batalha que os olhos veem há uma guerra que os olhos não veem.[12] Essa é a guerra entre a Serpente e a mulher que vem acontecendo deste Gênesis 3. 14-16.
O texto começa dizendo que João viu um “sinal extraordinário”. Usualmente, João usava a palavra grega “semeion” (“sinal”) para descrever algo milagroso que aponta para algum significado espiritual mais profundo ligado a um evento ou objeto.[13] Isso quer dizer que sua descrição metafórica e simbólica apresenta nas entrelinhas uma história cheia de significados espirituais profundos. Essa guerra é composta de várias batalhas. Vejamo-las.
A BATALHA ENTRE O DRAGÃO E A MULHER
Na visão João enxerga “uma mulher vestida do sol, com a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre a cabeça. Ela estava grávida e gritava de dor, pois estava para dar à luz”. Quem é essa mulher? A teologia católica afirma ser Maria e interpreta este texto como base que justificaria mariolatria. O texto, no entanto, não diz isso. Essa mulher é a comunidade messiânica como um todo durante a antiga e a nova aliança. Nesse primeiro momento ela representa a antiga aliança que, após muito tempo de dor, daria à luz ao Messias. Isto é evidente à luz do contexto e da analogia das escrituras pelas seguintes razões: (1) Sua descrição é uma reminiscência de Gênesis 37. 9-10, onde esses corpos celestes, o sol e a lua, representam Jacó e Raquel.[14] (2) As 12 estrelas em sua coroa a ligariam as 12 tribos de Israel ou aos 12 filhos de Jacó, os patriarcas de Israel.[15] (3) No versículo 2 ela é vista com um filho, aquele que governa com uma vara de ferro (vs. 5). Este não pode ser outro senão Cristo, que, como prometido nas Escrituras, era da nação de Israel (Mateus 1. 1-25; Salmo 2.8-9; Apocalipse 2.27; 19.15). Assim, a mulher é a nação de Israel, a matriz e a fonte do Messias.
João continua sua narrativa asseverando que “o dragão se colocou diante da mulher que estava para dar à luz, para devorar o seu filho no momento em que nascesse”. Observe que a cena muda drasticamente da bela, mas frágil mulher, para o poderoso e assustador dragão. Ele é descrito com seis referências (Vv. 3 a 4a): “Vermelho com sete cabeças e dez chifres, tendo sobre as cabeças sete coroas. Sua cauda arrastou consigo um terço das estrelas do céu, lançando-as na terra”.
D. A. Carson observou que na poesia hebraica, quando as coisas vão bem, as árvores cantam, os bosques dançam e os céus se alegram. Quando as coisas não vão bem, as estrelas caem do céu e o mundo entra em desordem. A descrição é que algo com efeitos cômicos estão para acontecer.[16] Isso porque um dragão no apocalipse é o imaginário de um animal assustador e destrutivo. O fato de o dragão ser chamado de “grande” indica a magnitude do poder e da atividade de Satanás no mundo. “Vermelho” enfatiza seu caráter assassino e sedento de sangue, bem como seu comportamento ao longo da história.
Diante disso, duas perguntas importantes precisam ser respondidas aqui. A primeira, quem é o dragão? E a segunda, o que ele está tentando fazer? A identidade do Dragão é revelada no verso 9b: “Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo”. A descrição do dragão como a “antiga serpente” o identifica como a mesma personagem diabólica de Gênesis 3.1,14. As palavras do Rev. Leandro Lima são esclarecedoras sobre esta identificação:
Apocalipse 12 interpreta a figura da serpente-dragão como o próprio Diabo, sendo essa interpretação explícita a única no texto bíblico. Com uma leitura apenas de Gn 3, seria muito difícil concluir que aquela serpente fosse, na verdade, um anjo decaído. Mas João não deixa dúvida: “E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra, e, com ele, os seus anjos” (Ap 12.9). João modificou o modo como seus leitores passariam a ler o texto de Gn 3. Eles não veriam apenas uma serpente ardilosa, mas também um terrível dragão disfarçado de serpente, o próprio Satanás, o anjo caído, responsável por todo o mal que há no mundo e por todo o sofrimento do povo de Deus.[17]
O antigo tentador do povo de Deus, também é “chamado Diabo e Satanás”, nomes que significam “caluniador” e “adversário”, respectivamente. O texto grego acentua fortemente essa ação enganosa como um aspecto contínuo do caráter e da atividade de Satanás. O que ele está tentando fazer encontra-se descrito no verso 4b: “O dragão colocou-se diante da mulher que estava para dar à luz, para devorar o seu filho no momento em que nascesse”.
Desde Genesis 3.15 a serpente, ou diabo ou satanás ou dragão, tentou destruir a mulher para que o descendente não nascesse. Para fazer de uma história longa uma história curta, leia o Antigo Testamento e você verá que a mãe do Messias, isto é, o povo de Israel, sempre sofreu duras ameaças. Como observou Hendriksen, a cada passo no Antigo Testamento, narra-se que a descendência prometida da mulher está sob o risco de desaparecer, e sempre sendo resgatada por uma intervenção divina.[18]
Não podendo matar a mãe “o dragão colocou-se diante da mulher que estava para dar à luz, para devorar o seu filho no momento em que nascesse”. Satanás conhece as profecias sobre o plano de redenção de Deus. Ele também sabe que a redenção viria através do Messias prometido que descenderia da linhagem de Israel. Então, o encontramos no texto esperando com presas desnudas para devorar o Messias prometido. Essa cena você já viu antes. A matança dos meninos com menos de dois anos em Belém, ordenada por Herodes, por certo estava na mente de João no momento dessa descrição.[19] João almeja que seus leitores entendam que, por trás de cada golpe desferido contra a comunidade da aliança e o seu Messias prometido existe o dragão, a antiga serpente.
A BATALHA ENTRE O DRAGÃO E O FILHO
A batalha entre o dragão e o filho, a priori, é descrita em poucos linhas: “Ela deu à luz um filho, um homem, que governará todas as nações com cetro de ferro. Seu filho foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono” (Verso 5). O Rev. Leandro Lima observou que “ao dizer que Jesus fora arrebatado para o trono de Deus, a sua passagem pela terra praticamente é obliterada na narrativa de João”.[20] A cena passa rapidamente da manjedoura para o trono no céu. Da encarnação para a ascensão. Por que João deixou de lado a vida e a obra de Jesus na Cruz? João usou um recurso literário chamado de elipse, ou seja, supressão de um termo que pode ser facilmente subentendido pelo contexto linguístico ou pela situação. Com isso João deseja, de um lado, chamar nossa atenção para o que é menos considerado: o Nascimento e a Ascensão de Jesus. Por outro lado, o seu esquecimento proposital faz com que o leitor sinta falta e, assim, lembre-se do que é central nesta grande batalha: A Cruz de Cristo.
O dragão que tem sido derrotado desde o Éden leva o golpe mortal na Cruz e a subida do Filho é a descrição de sua vitória. A segunda pessoa da trindade sempre Reinou, mas Jesus é corado Rei em termos jurídicos neste momento, como ficará claro nos versos 7 a 9. No entanto, antes disso, João volta a falar da mulher e descreve o seu refúgio: “A mulher fugiu para o deserto, para um lugar que lhe havia sido preparado por Deus, para que ali a sustentassem durante mil duzentos e sessenta dias” (verso 6).
Uma vez que Satanás não matou a Cristo, ele se voltou em fúria de dragão contra a mulher (a comunidade da Aliança), a fim de derramar sua vingança sobre ela. Sabendo disso, Deus preparou um lugar de refúgio, isto é, o deserto. Mais uma vez o pano de fundo para a compressão deste verso é o Antigo Testamento. Antes de chegar na terra prometida (lugar de descanso) o povo passou pelo deserto. Este é, de um lado, o lugar de tentação, provação, tribulação. Mas este é também, por outro lado, o lugar de livramento, sustento, cuidado e feitos extraordinários do Senhor. A mulher está guardada pelo braço forte do Senhor!
A BATALHA ENTRE O DRAGÃO E MIGUEL
“Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar nos céus. O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra” (versos 7-9).
A cena muda bruscamente da terra para o céu a fim de explicar o assunto deixado em suspense no verso 5, sobre a vida e a obra do Messias, isto é, o descendente da mulher. No Jardim do Éden, Deus prometeu a Adão e Eva que o tentador que os fez cair seria derrotado, e que os eventos temidos do seu pecado no Jardim seriam revertidos, através de uma solução que o próprio Deus forneceria. Ele prometeu um Salvador, que nasceria da mulher, que iria destruir a cabeça da serpente (Gn. 3.15). As palavras são endereçadas à serpente, mais tarde identificada como um agente de satanás, o dragão (Ap. 12.9; 20.2).
Nesse sentido, o verbo que se fez carne veio ao mundo para, entre outras coisas, cumprir uma missão dupla, quando o assunto é nosso tentador. Jesus veio, em primeiro lugar, para destruir as obras do tentador; e, em segundo lugar, destruir o próprio tentador. Em outras palavras, a morte do nosso Salvador na cruz, não só forneceu um sacrifício perfeito para o pecado, mas, como pode ser visto em várias passagens do Novo Testamento, forneceu uma vitória sobre satanás e suas forças do mal.[21]
Essa verdade é clara nas palavras do autor de Hebreus: “ele [Jesus] também participou dessa condição humana, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo...” Na cruz, satanás e seus espíritos imundos foram derrotados. A palavra “derrota” significa, na língua original, “colocar fora de ação” ou “tornar inútil.”[22] Ela é usada várias vezes para mostrar como, através da morte e ressurreição de Cristo, os poderes de destruição que ameaçam o homem espiritualmente foram colocados “fora de ação”. Neste sentido, Miguel está apenas cumprindo uma ordem judicial, isto é, a de despejar o dragão do céu para a terra. Com a derrota na cruz o dragão também perdeu duas coisas: O posto de acusador no céu e, de certo modo, de enganador na terra.
O dragão perdeu seu poder de fogo contra os eleitos: “...nem mais se achou no céu o lugar deles.” (Apocalipse 12.8). Cristo, o Sumo Sacerdote dos eleitos, após completar sua obra na terra foi assunto ao céu e removeu toda barreira legal que condenava os eleitos. Daí em diante, satanás não teve mais fundamentos jurídicos sobre os quais acusava o povo de Deus e os mantinha em cativeiro por meio de suas várias decepções. Quando isso aconteceu, o reino de satanás começou a ser continuamente mimado e em seguida, lançado ao chão (Mt. 12.29). Nunca mais satanás cumprirá a sua função de, falsamente, acusar os santos perante Deus, pois Cristo lhes tem assegurado o seu perdão reconciliando-os com Deus através da Sua expiação. Não há mais lugar para o acusador no céu, pois não há mais condenação para aqueles que estão em Cristo (Rm. 8.1). A cadeira daquele que, dia e noite, constantemente acusava os eleitos, está vazia.
Essa foi uma grande derrota que nosso tentador sofreu, mas não foi e não será a única. Todavia, antes de apresentar outras batalhas dessa grande guerra João fala do louvor tributado ao Messias e Rei Jesus:
Então ouvi uma forte voz dos céus que dizia: Agora veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo, pois foi lançado fora o acusador dos nossos irmãos, que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite. Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida. Portanto, celebrem-no, ó céus, e os que neles habitam! (Apocalipse 12. 10-12)
A frase que não pode ser perdida neste cântico é: “agora veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo”. O primeiro destaque é para a palavra “agora”. Ao utilizar esse advérbio, João “aponta para a linha divisória na história humana, a morte e ressurreição de Cristo, a qual resultou na vitória sobre Satanás”.[23] A vitória de Cristo sobre a morte e Sua subida ao céu desencadeou a expulsão do dragão. Assim, o reino de Deus e a autoridade de Seu Cristo se estabeleceram no céu e na terra (Mt 28.18). A vitória de Cristo na Cruz, Sua ressurreição e ascensão ao céu não apenas anula a argumentação jurídica no céu, mas também limitou a autoridade do dragão na terra, isto é, o tentador perdeu parte do seu poder de sedução. Após a queda e antes da Cruz, satanás havia enganado as nações, mantendo-as cativas no seu reino com suas garras (Lc 4. 5-8; Ap 20. 3;). Agora, no entanto, pela Sua vida, morte e ressurreição, o Redentor venceu, de modo que o domínio de satanás está quebrado e seu reino é, de agora em diante em colapso em câmera lenta. Isso aconteceu, de início, por meio da pregação da Igreja (Mt 28.18), pela qual o Deus soberano transfere os antigos súditos de satanás para o Reino do Seu Filho amado (Cl 1.13).[24]
Nesse sentido, satanás foi lançado na terra e preso. Essa descrição é feita em Apocalipse 20.2: “... e o prendeu por mil anos; lançou-o no abismo, fechou-o e pôs selo sobre ele, para que não mais enganasse as nações...” A “prisão” da antiga serpente, em 20.1-3, não é absoluta em todos os sentidos, mas se refere principalmente à incapacidade de enganar as nações, como fizera com Adão e Eva. Até aquele momento as nações e impérios gentios, tais como Egito, Assíria, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma cediam às tentações e à escravidão da antiga serpente. No entanto, Cristo “despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl. 2.15).
Como cumprimento da maldição sobre a serpente no jardim (Gn 3. 15), Cristo esmagou a cabeça de satanás (Cf. Mt 21. 44; Rm 16. 20) exercendo Sua autoridade no céu e agora na terra (porque “toda a autoridade” foi dada a Ele, Mt 28.18-19) envia seus discípulos para irem a todas as nações e fazerem discípulos. Assim, sendo limitada pelo próprio Deus, a antiga serpente perdeu parte do seu poder de sedução e o resultado é que muitos não caíram mais em sua lábia, mas ouviram a Cristo e foram salvos (At 17.30-31, 26.17-18).
João, aqui também ecoa as palavras de Jesus em João 12.31,32: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo”. É interessante observar que o verbo grego traduzido por “expulsar” (“ekballo”) é derivado da mesma raiz que o termo utilizado em Apocalipse 20.3: “lançou-o” (“ballo”) [“Satanás”] no abismo”.[25] Temos, ainda, um cumprimento de Isaías 24.21-22: “Naquele dia, o SENHOR castigará, no céu, as hostes celestes, e os reis da terra, na terra. Serão ajuntados como presos em masmorra, e encerrados num cárcere, e castigados depois de muitos dias”. Esse cumprimento foi inaugurado por ocasião da morte e ressurreição de Cristo e culminará com sua vinda no clímax da história, como veremos mais à frente.
Nesse sentido as palavras de Hoekema são esclarecedoras:
O aprisionamento de Satanás, descrito em Apocalipse 20.1-3, portanto, significa que, ao longo da era do Evangelho na qual veremos agora, a influência de Satanás, embora certamente não eliminada, é tão restringida que ele não pode impedir a disseminação do Evangelho às nações do mundo. Por causa do aprisionamento de Satanás durante esta era presente, as nações não podem conquistar a igreja, mas a igreja está conquistando nações.[26]
A BATALHA ENTRE O DRAGÃO E SEUS DESCENDENTES
E A MULHER E SEUS DESCENDENTES
Nada podendo fazer com o Filho que é maior que ele, o dragão continua sua empreitada de destruir a mulher e o restante de sua descendência: “Quando o dragão foi lançado à terra, começou a perseguir a mulher que dera à luz o menino.” O que temos aqui é a mesma cena já apresentada, mas agora detalhada. Expulso do céu, o dragão desce para o único lugar em que ainda pode transitar e agir: o mundo. Por isso a advertência: “Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12.12). Como observou o Rev. Leandro Lima “o conflito na terra (e no mar) ainda não foi resolvido. No céu o dragão não tem mais legitimidade para agir, porém na terra (e no mar) ele ainda tem, e fará isso da pior maneira possível.”[27]
No entanto, “foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que ela pudesse voar para o lugar que lhe havia sido preparado no deserto, onde seria sustentada durante um tempo, tempos e meio tempo, fora do alcance da serpente”. O pano de fundo mais uma vez é o Antigo Testamento. Em Êxodo 19.4 Deus disse ao seu povo: “Vocês viram o que fiz ao Egito e como os transportei sobre asas de águias e os trouxe para junto de mim”. “Duas asas da grande águia” é a maneira metafórica de descrever como Deus vai salvá-los, ou seja, com força e segurança.
Sem desistir, o dragão (a serpente) “fez jorrar da sua boca água como um rio, para alcançar a mulher e arrastá-la com a correnteza. A terra, porém, ajudou a mulher, abrindo a boca e engolindo o rio que o dragão fizera jorrar da sua boca” (versos 15-16). Mais uma vez, no entanto, seus planos são frustrados. Mesmo ainda tendo legitimidade para agir na terra, isso não significa que o dragão tem toda a liberdade para fazer o que quiser. Há limites e, sobretudo, intervenções divinas pelas quais Deus protege seus filhos na terra.
O dragão, até então, perdeu três batalhas de grande guerra. Ele não conseguiu destruir a mulher (12. 1-4), não conseguiu matar seu Filho (12.4), perdeu a guerra no céu (12. 7-9) e foi incapaz de destruir a mulher (12. 13-16). Totalmente derrotado, mas sem jamais se render o dragão se voltou para o restante dos descendentes da mulher, chamados no texto de “os que obedecem aos mandamentos de Deus (uma provável referência aos judeus que seguiram a Jesus) e se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus (uma provável referência aos gentios que creram em Jesus)”. Assim, os descendentes da mulher ainda então na mira do dragão e, por isso, o povo da nova aliança vive agora em constante perigo. Judeus e Gentios se tornaram um único povo que é perseguido pelo dragão.
A fim de destacar o tamanho do perigo João afirma: “Então o dragão se pôs em pé na areia do mar”. Ao se colocar em pé sobre a areia do mar, cria-se o suspense de que algo terrível vai acontecer, uma vez que o mar no apocalipse, na minha opinião, é um lugar metafórico ameaçador. Beale, em seu excelente comentário, lembra que o mar, à luz do próprio apocalipse, aponta para: (1) a origem do mal cósmico (especialmente à luz do pano de fundo cultural de nações citadas no A.T., as quais viam o mar, como morada dos deuses Tehom ou Tiamat.[28] Ap. 4.6; 12.18, 13.1; 15.2), (2) Os incrédulos e nações rebeldes que causam tribulação para o povo de Deus (13.1; Isa 57.20; cf. Ap 17.2, 6), (3) o lugar dos mortos (20.13), (4 ) o local principal da atividade do comércio mundial da idolatria (18.10-19).[29]
A observação de Pohl foi precisa nesse sentido:
a informação de que o dragão se pôs em pé sobre a areia do mar não deve nos levar a imaginar que, derrotado, ele se retira da terra. Pelo contrário, ele se excede e toma impulso para o golpe destruidor contra a igreja testemunha e obediente. Ao se postar junto ao mar, ele assume o seu elemento, tornando-se integralmente um dragão terrível.[30]
Ele não está fugindo. Ele não jogou a toalha. Ao contrário ele parece mais ameaçador que nunca. Ele está irado porque sua esfera é limitada, o tempo é curto e a derrota é certa. O conflito no céu já chegou a uma resolução, mas na terra o conflito está apenas começando. A perseguição do dragão à mulher deixará de ser algo “cósmico” lá no céu, para se tornar algo bem real e cruento aqui na terra. A vida cristã não é um “playground”, ao contrário, é um campo de batalha! Nessa batalha nós estamos envolvidos dos pés à cabeça.
Conclusão: como enfrentar e vencer a ira satânica que vem contra você?
A resposta é dada no verso 11: “Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho que deram; diante da morte, não amaram a própria vida”.
“Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro...”
João afirma que o povo de Deus sempre alcançou a vitória “pelo”, isto é, “com base” no sangue de Jesus. Como vimos, ele não tem fundamentos jurídicos para lhe acusar diante de Deus, no entanto, ele vai operar na sua consciência para que você se sinta um ímpio culpado pelos crimes cometidos. Dizem por aí que a melhor maneira de lidar com essas acusações é negando-as e mostrando o quanto você é bom. Porém, o que você tem que dizer é: “Eu sou pior do que você está afirmando, mas Deus me ama assim mesmo. Ele me aceitou por causa do sangue de Cristo Jesus”. O sangue derramado na cruz garante que Deus nos perdoará (Rm 8: 31-34 ). Assim, as acusações de satanás, por mais que sejam verdadeiras, tornam-se nulas e sem efeito no tribunal de Deus.
“.... Pela palavra do testemunho que deram...”
Já está mais que claro que existe uma guerra que os olhos não veem. Por trás de todo secularismo, toda educação anticristã, toda corrupção ou qualquer outra agenda que vá de encontro com Reino de Deus e o Seu ungido, está um dragão furioso. Nessa batalha a única arma de ataque da armadura de Deus é a Palavra. A pregação no poder do Espírito faz com que o Reino de Deus cresça e o reino parasita do dragão perca força. A palavra do seu testemunho refere-se à proclamação da Palavra, da doutrina bíblica e da verdade de Jesus Cristo, tanto pela vida como pelos lábios. Pela palavra de Deus conhecida, crida e aplicada pela fé na vida cristã consistente, os crentes são capazes de calar as acusações de satanás e revelá-lo por aquilo que ele é.
“...Diante da morte, não amaram a própria vida”.
O pastor John Piper, em seu livro “Alegrem-se os povos: A supremacia de Deus nas missões”, afirmou corretamente:
A extensão do seu sacrifício e a profundidade da sua alegria, mostram o valor que ele atribuiu ao tesouro de Deus. Perda e sofrimento, jubilantemente aceitos pelo reino de Deus, mostram a supremacia do valor de Deus no mundo de forma mais clara do que toda adoração e oração.[31]
Voltemos nossa atenção para uma das perguntas iniciais: Por que Deus permite que o Seu povo sofra e seja perseguido pelo dragão? Porque como costuma dizer Piper “Deus é Mais Glorificado em Nós Quando Estamos Mais Satisfeitos Nele.” Deus ordena o sofrimento, pois, por meio de todas as outras razões, Ele expõe ao mundo a supremacia do Seu valor acima de todos os tesouros. Portanto, sofrer com alegria prova ao mundo que nosso tesouro está no céu e não na terra e que esse tesouro é muito maior do que qualquer coisa que o mundo tenha a oferecer.
Além disso, embora não corramos risco de morte por servir a Cristo, este verso se aplica a nós outras dimensões. Como bem observou Paul Tripp,
a Cruz de Cristo foi o paradoxo mais belo da História. A morte do Messias era a única maneira pela qual ele poderia dar vida para aqueles que criam nele. A esperança da cruz está no sacrifício voluntário de um para o bem do outro. O convite de Cristo para tomar diariamente sua cruz fala exatamente a respeito disso. Aquele que sacrificou sua vida para que pudéssemos ter vida, agora chama os seus discípulos para sacrificarem suas vidas por ele.[32]
Ele observou ainda que “em um mundo que conhece apenas o reino do ego, viver para o grande reino de Cristo sempre exigirá sofrimento, sacrifício e morte.” [33] Ao falar sobre segui-Lo Cristo nos pediu para fazermos algo impensável. Essencialmente, Cristo está dizendo: “Se você quer viver, se quiser experimentar as alegrias transcendentes do meu Reino eterno, então você deve deixar de valorizar o seu reino, o qual tem o ‘eu’ como próprio rei”. Em outras palavras, ele nos convida dizer “não” a uma pessoa a qual temos a maior dificuldade em dizermos não - a nós mesmos![34]
REFERÊNCIAS
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BORNKAMM, Gunther. Bíblia-Novo Testamento-Introdução aos seus Escritos no Quadro da História do Cristianismo Primitivo, ed. Paulinas, São Paulo, 1981, p. 121.
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CONSTABLE, Thomas L. Notes On Revelation. Comentário Bíblico Disponível em: Bíblia eletrônica The Word.
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HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. 2ª ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2001. p. 270.
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POHL, Adolf. Apocalipse de João II – Comentário Esperança. Curitiba: Editora Esperança, 2001.
PIPER, John. Alegrem-se os Povos: a supremacia de Deus em missões. Tradução de Rubens Castilho. São Paulo: Cultura Cristã. 2001.
WALLACE, Daniel. Revelation: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
KEATHLEY, J. Hampton. Satanology. Disponível em: https://bible.org/article/satanology.
THIELMAN, Frank. Teologia do Novo Testamento: uma abordagem canônica e sintética. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 744
TRIPP, Paul David. Em busca de algo maior: viver por alguma coisa maior do que você. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 115.
VINE, W. E. Expository Dictionary of New Testament Words. Thomas Nelson Publishers, May 15 2003. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword
[1] CARSON, D. A. Escândalo: a cruz e a ressurreição de Jesus. São José dos Campos, SP: Fiel, c2011.
[2] THIELMAN, Frank. Teologia do Novo Testamento: uma abordagem canônica e sintética. São Paulo: Shedd Publicações, 2007, p. 744
[3] Ibid, p. 361
[4] Sociedade Bíblica do Brasil. (2005; 2010). Bíblia de Estudo Nova Tradução na Linguagem de Hoje (Re). Sociedade Bíblica do Brasil.
[5] HENDRIKSEN, William. Mais que vencedores: uma interpretação do livro do Apocalipse. São Paulo: Cultura Cristã, 1987, p. 16.
[6] WALLACE, Daniel. Revelation: Introduction, Argument, Outlin. Disponível na Bíblia Eletrônica The Word
[7] HENDRIKSEN, William. Mais que vencedores: uma interpretação do livro do Apocalipse. p. 16.
[8] BORNKAMM, Gunther. Bíblia-Novo Testamento-Introdução aos seus Escritos no Quadro da História do Cristianismo Primitivo, ed. Paulinas, São Paulo, 1981, p. 121.
[9] Ibid
[10] J. J. Collins (ed.), Apocalypse: The Morphology of a Genre. Semeia 14, 1979, p. 9 apud BOER, Martinus de. A influência da apocalíptica judaica sobre as origens cristãs: gênero, cosmovisão e movimento social. Traduzido por Paulo Augusto de Souza Nogueira. Disponível em: <http://editora.metodista.br/textos_disponiveis/er19cap1.pdf >
[11] Deve-se entender, entretanto, que os apocalípticos judeus fundamentaram suas esperanças em um evento futuro, mas o Apocalipse de João as fundamenta no sacrifício passado de Jesus Cristo, “o Cordeiro que foi morto”. Cf. CARSON D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon. Introdução ao novo testamento. 6. reimpressão São Paulo: Vida Nova, 2004, p. 534
[12] LIMA, Leandro de. Exposição Apocalipse 8-14. São Paulo: Editora Agathos. 2015
[13] CONSTABLE, Thomas L. Notes On Revelation. Comentário Bíblico Disponível em: Bíblia eletrônica The Word.
[14] BEALE, G. K. e CARSON, D. A. Comentário do uso do Antigo Testamento no Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 2014.
[15] Ibid
[16] CARSON, D. A. Escândalo: a cruz e a ressurreição de Jesus. São José dos Campos, SP: Fiel, c2011. p. 88.
[17] LIMA. Leandro de. Apocalipse como literatura: um estudo sobre a importância da análise da arte literária em apocalipse 12-13. Tese de doutorado não publicada. 2012
[18] HENDRIKSEN, William. Mais Que Vencedores. São Paulo: Cultura Cristã, 1987.
[19] LIMA. Leandro de. Apocalipse como literatura: um estudo sobre a importância da análise da arte literária em apocalipse 12-13. Tese de doutorado não publicada. 2012
[20] Ibid
[21] KEATHLEY, J. Hampton. Satanology. Disponível em: https://bible.org/article/satanology.
[22] VINE, W. E. Expository Dictionary of New Testament Words. Thomas Nelson Publishers, May 15 2003. Disponível na Bíblia eletrônica e-sword
[23] HENDRIKSEN, William. Mais Que Vencedores. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
[24] DAVIS, Dean. The High King of Heaven. WinePress Publishing, 2013.
[25] HOEKEMA, Anthony A. A Bíblia e o futuro. 2. ed. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2001. p. 270.
[26] Ibid
[27] LIMA. Leandro de. Apocalipse como literatura: um estudo sobre a importância da análise da arte literária em apocalipse 12-13. Tese de doutorado não publicada. 2012
[28] Segundo Mouse os defensores desta ideia fazem uma ligação mitológica com a lenda babilônica de Tiamat, o dragão antigo do caos que luta com Marduk, o deus da ordem, é possível desde que os escritores tinham A.T. já assumidas e reformou o antigo mito, a fim de refletir vitória de Deus sobre os ídolos.
[29] Beale, G. K.: The Book of Revelation : A Commentary on the Greek Text. Grand Rapids, Mich.; Carlisle, Cumbria: W.B. Eerdmans; Paternoster Press, 1999, Disponível na Bíblia Logos
[30] POHL, Adolf. Apocalipse de João II – Comentário Esperança. Curitiba: Editora Esperança, 2001.
[31] PIPER, John. Alegrem-se os Povos: a supremacia de Deus em missões. Tradução de Rubens Castilho. São Paulo: Cultura Cristã. 2001.
[32] TRIPP, Paul David. Em busca de algo maior: viver por alguma coisa maior do que você. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 115.
[33] Ibid
[34] Ibid